A deficiência ou a construção social da diferença

Abordar a temática da deficiência é, por si só, um desafio, seja pelos significados que assume (ou pode assumir em função do contexto em que se utiliza, tal como verificado aliás com muitos outros vocábulos – a língua portuguesa é rica neste domínio), seja pelo efeito que a mesma provoca nos indivíduos e na sociedade, ocidental e desenvolvida, onde nos inserimos. Pese embora este facto, a verdade é que a palavra por si só é conotada, de uma forma geral e, eventualmente, ligeira, como algo de negativo, o mesmo se passando para o que (ou para quem) com ela é adjetivada.
Mas, centremo-nos no “quem a utiliza”, ou seja, centremo-nos na pessoa, pois é para a pessoa com deficiência que o CASCI possui muitas das suas respostas sociais, seja ao nível ocupacional, profissional, residencial ou mesmo educativo/ formativo. A este respeito importa sublinhar contudo o quanto se tem evoluído no sentido de uma maior inclusão social das pessoas com deficiência, passando-se de um período, não muito longínquo, em que as pessoas com deficiência em Portugal eram praticamente ignoradas, esquecidas e até mesmo escondidas, para uma situação de (re)conhecimento crescente do seu papel, valor e importância. O que seria de um jardim se as flores fossem todas iguais? Tomemos consciência de que a diversidade enriquece as nossas vivências e a sociedade. Sendo assim, todos/as poderemos ter um papel importante no reconhecimento e na aceitação das diferenças pois, em última análise, todos/as temos algo que nos diferencia. E, podemos nós perguntar, uma diferença ou uma deficiência? A palavra que utilizarmos faz toda a diferença… Como alguém diz, “já agora, vale a pena pensar nisto”.


 
Por Helena Santos
Diretora do Departamento de Reabilitação

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