Máscara(r) as emoções

 

Estava a começar o ano de 2020 e a COVID-19 surgia ao longe, ameaçando quem vive do outro lado do mundo. Foi-se aproximando e, aos poucos, tornou-se também um problema nosso – do nosso país, da nossa cidade, da nossa rua, da nossa casa, das nossas escolas. Hoje, não se fala noutra coisa e temos a sensação de que o coronavírus pode estar em todo o lado: em todas as pessoas, objetos ou superfícies e os EPI (Equipamento de proteção individual) vieram para ficar: máscara, avental, óculos, luvas.

Quando trabalhamos com crianças, o nosso rosto é a montra da expressividade e o guião para as emoções sentidas. Agora, a máscara faz parte do nosso rosto, calando expressões, escondendo sorrisos. Como reconhecem as crianças as emoções que estamos a viver no momento? Como podem adivinhar as nossas expressões?

No seguimento do projeto vivido no CASCI -” Educação Emocional – Caminho para a felicidade”, trabalhamos as Emoções e ajudamos as crianças a lidar com elas, a reconhecê-las e aceitá-las, mesmo que doam. Devido às máscaras, em contexto de sala, usamos cartões onde nos apresentamos de cara descoberta e com as emoções exemplificadas fotograficamente para assim lhes podermos mostrar o que agora está escondido: Tristeza, Alegria, Medo, Raiva, Aversão (emoções primárias). Contudo, ao longo do tempo, dei por mim a perceber que as crianças nos leem pelos olhos, pressentem as emoções que a máscara não deixa ver e aceitam esta nova realidade com muito mais facilidade, compreensão e aceitação que muitas pessoas adultas. Aceitam este novo normal, porque vivem no presente, um dia de cada vez, aproveitando ao máximo a Vida.

Afinal, somos nós as pessoas adultas???

 

 

Carla Caldeira

Diretora Pedagógica – Pré-Escolar do Centro de Infância da Barra

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