O Natal é uma das recordações mais bonitas que trazemos da infância e o que fica registado no nosso inconsciente, não é só a figura do Pai Natal.
Representa muito mais do que isso.
As crianças esperam ansiosas por todos os passos que se vão dando até á noite de Natal.
Anseiam pelo momento de escrever a carta ao Pai Natal. Nesse processo de expressão podemos “ler” tantas mensagens subjacentes, que tantas vezes passam despercebidas no correr diário. Mas, esta carta, não deve ser um meio para apenas pedir prendas e recompensas, mas, sim, um meio de expressar e avaliar como correu o ano, como foram as suas experiências e vivências, aprendendo desta forma a avaliar comportamentos e a modificar posturas perante os outros e por si próprio. É momento de trabalhar valores como o respeito, a esperança, o perdão a empatia e o conceito de família.
Quem de nós pessoas adultas não sente saudade daquele espírito de Natal que só se sente quando criança, revivendo essa maravilhosa recordação da nossa infância.
Esta é a época que deixa lembranças significativas e eternas.
Pergunto-me porque será que isso acontece?
Existem, nesta época, muitos símbolos, valores e crenças que modificam e mexem com os sentimentos, com a imaginação, com a ludicidade e com os comportamentos.
Parece que tudo começa com a montagem da árvore de Natal, o enfeitar da casa, e a perspectiva de vermos a família reunida…
Lembro-me tão bem dos enfeites escolhidos por mim, com a minha mãe e irmã, os chocolates de ratinhos pendurados na árvore e os sapatos de verniz deixados por baixo dela…Sentia-me sempre tão orgulhosa e feliz de participar e de as minhas ideias serem acolhidas com alegria. Hoje, como Educadora, penso ser uma prática a ter em sala e em casa. Pedir às crianças para participarem na decoração de casa e da escola, de fazer escolhas e de aceitar a opinião dos outros membros da sala e da família. Isto não pode ser perdido. É um momento tão rico, lúdico e prazeroso para todos/as. As crianças sentem-se incluídas neste tão importante momento da vida delas.
Acredito e tenho, cada vez mais, aproveitado este imaginário mágico de Natal para incutir novas aprendizagens.
Lembro-me de a minha mãe pegar no globo e ensinar-nos onde ficava o Pólo Norte, onde ficava Jerusalém, das características tão distintas de cada um destes lugares do mundo e as histórias associadas a esses “países do Natal” … Explorávamos e viajávamos por outros continentes, mares e países. Aprendíamos que pelo mundo haviam tantos meninos como nós, com culturas, costumes e crenças diferentes das nossas de viver o Natal. Ia para além de conhecimentos geográficos porque a conversa ia sempre dar á diversidade e igualdade de raça e cor da pele, valore cada vez mais importantes no nosso quotidiano e tantas vezes perdidos e esquecidos. E, é isto que hoje vou tentando deixar a estes meninos e estas meninas que pela minha vida vão passando. Tenho notado que, ás vezes, as famílias não abordam estas questões, não por não os acharem importantes, mas por não saberem como os abordar e torná-los reais.
O Natal é por tudo isto um excelente momento de aprendizagem aos mais variados níveis, porque nos permitimos que a imaginação, a criatividade e a ludicidade sejam “as estrelas guia” desta viagem mágica que é educar.
Por isso deixo o desafio.
A todos/as nós, pessoas crescidas.
Revivemos cheiros, cores, sabores e lembranças de amor, respeito, carinho, empatia e adicionem a esta “receita mágica”, muita ludicidade, imaginação, criatividade, gargalhadas e abraços…
Feliz Natal.
Maria João Cardoso
Educadora de Infância