A Pandemia, o computador e a atividade física

A pandemia veio alterar de forma muito significativa vários aspetos das nossas vidas, em algumas situações para melhor, noutras nem por isso.

São notórios os impactos que teve nas nossas dinâmicas familiares, sociais, no funcionamento das instituições e nas dinâmicas laborais, mas também a níveis aparentemente menos relevantes, como os nossos hobbies e hábitos fora do ambiente de trabalho ou da escola.

A estes níveis é cada vez mais visível, especialmente nos/as jovens, uma certa sensação de comodismo para com os tempos de lazer e para com os hobbies.

Depois deste tempo, confinadas e forçadas ao seu espaço familiar, ou à sua bolha, se assim preferirem, as nossas crianças, impedidas de manter as suas normais atividades extracurriculares ou extraescolares, tiveram a natural necessidade de encontrar soluções de escape ao quotidiano, para ocuparem o seu tempo livre. Não seria de estranhar que esta procura fosse inevitavelmente redundar num aumento significativo do tempo que passaram em frente aos ecrãs, quer seja nas redes sociais, quer seja a jogar jogos, nas várias plataformas.

Toda a sociedade aceitou esta condição como uma inevitabilidade, com consequências que teriam de ser adiadas para uma altura em que fosse possível serem resolvidas. E eis que essa altura chegou. Apesar de ainda termos o vírus da Covid-19 a circular entre nós, na verdade os/as nossos/as jovens já podem retornar as suas habituais rotinas da prática desportiva, musical ou outras quais queres atividades prazerosas, que fizessem antes da pandemia. Seria de esperar que assim fosse para todos/as, no entanto, para muitos/as não foi isso que aconteceu. Para muitos/as jovens, estes dois anos criaram ou exacerbaram uma nova problemática muito real e muito perigosa para o seu bom desenvolvimento pessoal e social, para estes/as jovens criou-se uma dependência sem substâncias, ou algo muito próximo e semelhante.

Uma dependência sem substâncias é, como o nome indica, uma dependência sem a existência de uma substância química que a provoque. Nestas situações, os/as jovens ou adultos/as que desenvolvem esta dependência apresentam efeitos semelhantes aos das mais convencionais dependências com substância, sentem-se irritados/as, tristes, inquietos/as e ansiosos/as, quando não se encontram a utilizar o estímulo do qual se tornaram dependentes. Mas, mais importante que tudo, esta dependência começa a interferir de forma severa na sua vida e no seu quotidiano, toda a sua energia passa a convergir para a utilização da dependência e desinteressam-se das restantes atividades, como a escola, as atividades desportivas, a família, os amigos etc… Progressivamente, a pessoa vai perdendo a noção do tempo despendido na utilização da sua dependência, fica mais calma e satisfeita quando se encontra a utilizar e necessita de passar cada vez mais tempo a fazê-lo.

Nos/as jovens é normalmente muito notório este efeito nos jogos de computador, que, devido ao seu design, são feitos de forma a produzirem uma elevada sensação de satisfação a curto prazo e subsequente busca pela repetição desse mesmo prazer.

Como em todas as adições, existem consequências graves para quem delas sofre e, quanto mais depressa são alvo de intervenção, menores são as consequências para o/a paciente. Se identifica esta problemática, deve procurar ajuda na sua resolução.

O Centro Comunitário do CASCI tem desenvolvido atividades para auxiliar as famílias a evitar ou ultrapassar esta problemática, uma delas foi “O jogo da caixa”, cujo objetivo era gerar uma maior interatividade familiar fora dos ecrãs durante a pandemia. A outra iniciativa é o projeto “Sai de casa” que pretende dar a conhecer aos/às jovens e famílias as várias iniciativas existentes no concelho de Ílhavo, que todos/as podem desenvolver fora do seu contexto de casa e, subsequentemente, sem a utilização das várias plataformas digitais.

Se precisar de descobrir atividades alternativas para si, ou para os seus filhos/as suas filhas, procure-nos nas nossas redes sociais.

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João Pedro Alves
Psicólogo
Diretor do Departamento de Ação Social

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