Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado
(provérbio africano)
As exigências crescentes que são colocadas aos diversos agentes que compõem as comunidades têm vindo a destacar a necessidade, mas também a vantagem, da cooperação, seja intra (entre as várias respostas / serviços de uma mesma entidade), seja interinstitucional (entre entidades diferentes). De facto, a complexidade das necessidades e expectativas dos diversos agentes dificilmente é satisfeita através de uma única resposta social ou entidade. Um exemplo ilustrativo que se poderá apontar é a intervenção em situação de catástrofe natural, em que o envolvimento não só da proteção civil mas também de organizações de apoio social, da saúde, entre outras, em muito contribuem para minorar ou resolver a complexidade dos danos provocados, sendo difícil, para não dizer impossível, a uma única entidade fazer face aos danos que uma calamidade provoca nas pessoas e nas comunidades.
A integração dos esforços e dos recursos dos vários agentes maximiza pois os resultados das intervenções, promovendo igualmente um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável, evitando-se a duplicação de esforços e o desperdício de recursos. Se isto é verdade para os recursos existentes numa comunidade também o é, a um nível mais micro, para as instituições. Neste ponto poder-se-iam elencar vários exemplos de práticas colaborativas existentes no CASCI mas iremos destacar as que envolvem diretamente os utentes das várias respostas pelos impactos das mesmas, nomeadamente na promoção de valores de cidadania coincidentes com uma vida em sociedade mais harmoniosa, tolerante, e empática. Com este objetivo, várias são as ações dinamizadas ao longo do ano onde se envolvem os diversos públicos com que intervimos (crianças, idosos, pessoas com deficiência, mais ou menos moderada, pessoas em situação de vulnerabilidade económica e/ ou social), como por exemplo, as comemorações de dias específicos, as visitas de crianças a idosos, de crianças a pessoas com deficiência, a dinamização por pessoas com deficiência de workshops e de apresentações artísticas para crianças e jovens da instituição, ou da comunidade, que visitam por exemplo a nossa quinta pedagógica inclusiva ou que participam nas atividades que promovemos para a comunidade, entre outros.
Todas estas práticas colaborativas têm permitido constatar o enriquecimento que a cooperação entre públicos diferenciados produz em todos os envolvidos e, esperamos, nas comunidades onde os mesmos estão inseridos, contribuindo assim para a eliminação progressiva dos medos que as diferenças (ainda hoje) provocam. Ações tão simples como envolver as pessoas com deficiência e/ ou crianças nas ações com idosos ou as pessoas com deficiência nas ações com as crianças e jovens podem de facto fazer a diferença na vida de todos os envolvidos, e progressivamente, na comunidade envolvente, quebrando algumas barreiras, invisíveis mas efetivas.
Além disso, a cooperação entre respostas sociais com públicos diferenciados pode promover a inovação, bem como o sentimento de solidariedade e coesão social. De facto, quando diferentes públicos trabalham juntos em prol de um objetivo comum, há um fortalecimento dos laços comunitários e um aumento do sentimento de pertença e responsabilidade compartilhada, sendo esta coesão fundamental para a construção de comunidades mais justas e equitativas.
Helena Santos
Socióloga, Diretora do Departamento de Reabilitação