Doença mental – a falta de meios e respostas no século XXI

A doença mental é um tema sempre controverso e difícil de abordar em qualquer sociedade ou comunidade. Ao refletirmos sobre este tema, somos frequentemente remetidos/as, no nosso imaginário, para uma visão profundamente enviesada sobre o que é e quais são as reais problemáticas da saúde mental nos dias de hoje. Pensamos nos Sanatórios e na completa e total cisão com os constructos, regras e normas de viver em sociedade.

Somos confrontados/as com a total perda de controlo sobre o Eu e todo o medo que essa perceção acarreta. No entanto, no século 21, a realidade da doença mental já não é o sanatório, nem tão pouco a loucura clássica, é, sim, o abandono, a tristeza e a exclusão social, a dificuldade em conseguir navegar nas complexidades burocráticas da nossa sociedade e a impossibilidade em conseguir trabalho ou até mesmo ocupação para o tempo.

São estas as realidades de quem vive com alguma forma de doença mental, ou daqueles/as que, de uma forma ou de outra, acompanham estas mesmas pessoas ao longo da sua vida.

A ocupação do tempo apresenta-se de facto como uma catástrofe aos olhos de quem não tem qualquer perspetiva para o amanhã. Para estas pessoas, os dias não são mais do que uma amálgama de eventos sempre iguais, interrompidos por momentos de maior desorganização, frustração e tristeza.

Os hospitais tudo tentam fazer para dar resposta a esta necessidade que é cada vez mais premente. Apesar de criarem hospitais de dia e desenvolvem atividades ocupacionais, revelam-se quase sempre de natureza transitória perante problemas frequentemente crónicos. Por outro lado, é também verdade que a doença mental se tem apresentado como cada vez mais prevalente e incapacitante na população mundial. Este crescente indicador acabar por diminuir os já poucos recursos existentes disponíveis dedicados a esta área.

Assente nestas premissas, cabe a todos/as os/as que de alguma forma possuem um papel preponderante na sociedade, tudo fazer para combater estas problemáticas, reverter os estigmas existentes e potenciar a qualidade de vida de quem sofre com algum tipo de doença mental. O CASCI, como entidade relevante no nosso concelho, tem, através do seu Centro Comunitário, feito grandes esforços para aumentar a sua capacidade de resposta a esta problemática. O desenvolvimento de oficinas e workshopsorientados para a doença mental têm como objetivo prestar o tão necessário apoio psicológico a todas as pessoas que o solicitem.

Todas as pequenas melhorias que se criem ajudam a conseguir gerar grandes mudanças. Determinados/as, aqui estamos, com uma enorme responsabilidade social a fazer o que estiver ao nosso alcance para que possamos gerar mudanças na nossa comunidade.

 

João Pedro Alves

Psicólogo

Diretor do Departamento de Ação Social

 

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