Longevidade e qualidade de vida

O envelhecimento populacional traduz-se, atualmente, num fenómeno social com grandes impactos na sociedade. Os conceitos de esperança média de vida e de longevidade estão cada vez mais presentes, e se, por um lado, estes conceitos são sinónimos de conquista, por outro, representam um grande desafio, provocando mudanças estruturais, institucionais e ideológicas. Por este motivo, existe um aumento na procura por parte das famílias de instituições que prestem cuidados centrados na pessoa idosa. Por sua vez, é exigida a estas instituições mais eficácia e eficiência na prestação de cuidados.

Por outro lado, devido aos progressos tecnológicos, sociais e da saúde, esta longevidade nem sempre significa qualidade de vida, pois existe um aumento de fragilidade, comorbilidades, dependência funcional e declínio cognitivo. É também evidente, nas últimas décadas, um aumento de doenças avançadas (doença sem possibilidade de cura). Tendo isto em conta, para além da abordagem geriátrica genérica, torna-se cada vez mais essencial a necessidade do reforço da prestação de ações paliativas.

Fala-se em intervenções básicas no âmbito dos cuidados paliativos, quando se coloca o principal foco de atuação o conforto e bem-estar: uma abordagem centrada na pessoa, que privilegia, mais do que o tempo de vida, a qualidade desse tempo. Este tipo de ações implica múltiplos parâmetros: controlo de sintomas (falta de ar, dor, delirium, cansaço, …), discussão precoce e antecipada de planos de cuidados, visão holística da pessoa considerando as várias dimensões (física, social, espiritual e cultural), apoio à família. Deste modo, a intervenção centrada no conforto aumenta a qualidade de vida, podendo ter consequências positivas na esperança de vida (Pazes, Galvão, Neto, & Marques, 2020).

Ainda que a abordagem paliativa já seja praticada em algumas ERPIs (Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas), existe seguramente espaço de melhoria, havendo necessidade de trabalhar de forma articulada e em rede, entre recursos de vários níveis, da área da saúde e social. Tal pressupõe formação nesta área às equipas que prestam este tipo de cuidados, de forma a assegurar uma morte digna. Assim, é necessário sensibilizar a sociedade e as equipas de ERPIs para uma abordagem paliativa, de forma a promover a qualidade de vida das pessoas idosas.

Beatriz Berbigão

Enfermeira

Referências

Pazes, C., Galvão, C., Neto, I. G., & Marques, L. (9 de Setembro de 2020). Acções Paliativas em ERPIs: uma aposta imprescindível. Obtido de Ordem dos Médicos: https://ordemdosmedicos.pt/accoes-paliativas-em-erpis-uma-aposta-imprescindivel/

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top